Após a triste perda do Cabo PM Gama, que cometeu suicídio no último domingo, 14, mais um policial acaba de tirar sua própria vida.
O Sargento PM Edval cometeu suicídio na manhã desta segunda-feira, 15, na cidade de Brejo Santo. O PM encontrava-se afastado do serviço devido a problemas com depressão.
Em apenas dois dias, dois policiais militares cometeram suicídio no Estado do Ceará por um problema que ainda é visto como um tabu na categoria: a depressão.
Com salários atrasados, jornadas de trabalho exaustivas, desvalorização profissional e ainda incomodados pela insegurança diária e a perseguição de bandidos, resultantes da profissão, os policiais militares sofrem com a falta de apoio psicológico após ações de combate direto ao crime nas ruas.
Os PM’s sentem-se encurralados, seja pelo amigo, que morreu em conflito, seja pelas ameaças recorrentes dos criminosos à sua pessoa e família, seja pelo estresse de sair de casa e não saber se vai voltar. Estes são traumas que sem o devido acompanhamento psicológico só contribuem para que mais suicídios ocorram.
No dia 1 de Agosto, quando o Governador Camilo Santana reuniu-se com a tropa, no Hotel Plaza, o presidente da Associação de Praças da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (Aspramece), P.Queiroz, aproveitou a ocasião para falar sobre a saúde mental dos profissionais de segurança e da isenção do ICMS na compra de armas para policiais e bombeiros militares.
Esta não foi a primeira e, certamente, não será a última vez que P.Queiroz comenta e tenta, junto ao Governo, instalar um aparelho de ajuda aos policiais militares. Em 2009, junto a Roberto Monteiro, teve sua primeira iniciativa frustrada. Já em 2015, a ideia era instalar esse aparelho na Colônia de Férias do Amanarí, mas por conta desse estigma de ser uma ex-colônia a crime aberto, o plano acabou falhando novamente. Em 2017, a era fazer essa instalação na reserva indígena Pitaguarÿ, mas sem sucesso.
Enquanto isso, os PM’s continuam se matando e o Governo não acelera a instalação de um aparelho capaz de salvá-los.
Nunca se ouviu falar tanto em casos de suicídio dentro da categoria como nestes últimos anos. É necessário a implementação de um serviço de atenção à saúde do PM, que ofereça, periodicamente, um trabalho preventivo, com avaliação psicológica e médica para toda a força policial.
A Aspramece deixa suas condolências aos familiares e amigos. Que Deus possa confortar todos os corações que sentem neste momento a perda deste guerreiro.