Os ataques criminosos que permanecem por todo o Ceará desde a semana passada colocam em clara evidência a ascensão da atuação do crime organizado no Ceará. E se por um lado os ataques criminosos se tornaram parte da rotina da população cearense, mais desastroso ainda é ver adolescentes participando destes atos delinquentes. Até o momento, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou que já capturou 239 pessoas por envolvimento nos atos criminosos. O mais preocupante, é que desse número, 29 adolescentes foram apreendidos.
Assim como os adultos, jovens a partir de 18 anos podem ficar, no mínimo, 15 anos e seis meses presos, conforme informou a SSPDS. A legislação prevê pena máxima de reclusão de 43 anos para aqueles que comprovadamente tiverem participado das ofensivas contra o Estado do Ceará. Além de que integrar organização é crime previsto que, por si só, já prevê pena com duração de três a oito anos de reclusão, além de multa.
A pena é JUSTA e as consequências são duras: um jovem de 18 anos, indiciado numa ação penal com provas de que ele participou em atentados terroristas contra o Estado do Ceará, poderá sair da cadeia com 58 anos, conforme prevê a lei.
Nitidamente, torna-se perceptível a falta de discernimento sobre o que é certo ou errado para estes “soldados do crime”. E mesmo sabendo que o que estão fazendo é ilegal, afinal, o que eles têm a perder?
O presidente da Associação de Praças da Polícia Militar do Ceará e Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (Aspramece) e advogado, P.Queiroz, persiste em cobrar do Governo “aparelhos que possam acolher estes jovens, como a criação de cursos de especialização ou a geração de novos empregos.” Aparelhos que não os deixem ociosos nas comunidades. E funciona! No Ceará existem projetos sociais, tais como o Guardião Juvenil e Grupamento Infantes Guerreiros da Paz (GIGP), que trabalham com crianças e jovens a disciplina, trabalho em equipe e motivação, incentivando aos seus membros o espírito de solidariedade. Projetos como estes previnem que adolescentes não entrem no mundo das facções e tornem-se vítimas da criminalidade.
Sabemos que são várias as esferas da sociedade cearense que estão debilitadas. A segurança é a principal em crise. Do que vale prender 239 pessoas e a maioria já estar solta, principalmente os mais jovens? O que o Governo está realmente ensinando aos menores é que não importa qual crime cometam, nada acontecerá com eles. Talvez seja por isso que aceitem entrar no crime organizado. O Governo deveria estar pensando em PREVENIR o crime. criar ações que despertem uma perspectiva de futuro para menores, e não dar oportunidades para que eles permaneçam envolvidos no mundo do crime.
Aos gestores do nosso governo: que tal pensar “fora da caixa”?