A Associação de Praças da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (Aspramece) lamenta profundamente o falecimento do Capitão PM José Henrique Monteiro Brito, de 54 anos. Lotado na 1° CPG (Casa Militar), o PM atentou contra a própria vida na noite da última terça-feira, 23. Segundo informações, ele lutava contra a depressão.
Em um áudio vazado em grupos de WhatsApp da tropa, a suposta irmã do Capitão PM Brito explica que o suicídio ocorreu após o profissional de segurança tomar conhecimento de que seria transferido da Casa Militar, onde trabalhava, resultando na perda de sua gratificação, um desconto em torno de 60% de seu salário atual. Em outra mensagem de áudio, que circula no aplicativo, o próprio PM manifesta-se preocupado em quitar suas dívidas. Esta última mensagem teria sido enviada para a irmã do PM, antes dele tirar sua vida.
Este novo caso de suicídio de mais um companheiro da tropa reabre o debate sobre dois assuntos polêmicos entre a corporação: as gratificações e a falta de atendimento psicológico aos policiais militares.
As gratificações salariais são recompensas pagas além do salário, como valores pelo exercício de uma função, que neste caso específico, seria referente ao seu exercício na Casa Militar. O problema é que a diferença no valor das gratificações pagas aos policiais militares vêm provocando uma onda de reclamação entre a tropa militar, assim como sua divisão. O Capitão PM Brito acabou sendo mais uma vítima desse abismo das gratificações. Imagine só, todos os meses você ganhar um montante de dinheiro e, de uma hora para a outra, parte desse valor ser retirado. Quem não ficaria desesperado?
Por isso, é importante continuarmos em busca da ISONOMIA SALARIAL (simetria) para que as gratificações, que são um direito constitucional, sejam iguais para todos que exerçam a mesma função.
Outra questão correlacionada ao caso acima mencionado, é a falta de acompanhamento psicológico aos policiais militares que lutam contra traumas diários, seja pelo descaso do Governo em oferecer condições adequadas de trabalho aos PM’s, ou pelas ações rotineiras de combate direto ao crime nas ruas. Nunca se ouviu falar tanto em casos de suicídio dentro da categoria como nestes últimos anos. É necessário a implementação de um serviço de atenção à saúde do PM, que ofereça, periodicamente, um trabalho preventivo, com avaliação psicológica e médica para toda a força policial. Esse acompanhamento mental pode fazer a diferença na vida dos militares, mas para isso é preciso que o Governo do Estado acelere a instalação de um aparelho capaz de salvá-los.
O Capitão PM Brito ingressou nas fileiras da Corporação no dia 03 de fevereiro de 1986. Desde então, desempenhou seu trabalho com dignidade em prol da segurança do povo cearense.
A Aspramece deixa suas condolências aos familiares e amigos. Que Deus possa confortar todos os corações que sentem neste momento a perda deste guerreiro.