O presidente da Associação de Praças da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (Aspramece) e advogado, P.Queiroz, juntamente com a advogada da entidade, Dra. Olívia e o psicólogo Helano Bezerra, na manhã dessa quarta-feira, 14, dirigiram-se até à Coordenadoria De Apoio Logístico e Patrimônio PMCE (CALP), com a intenção de firmar uma parceria entre as duas entidades para a criação de um grupo multidisciplinar de apoio psicossocial aos policiais militares que trabalham na CALP. Na ocasião, acompanhando a Coronel Maria Helena, também estava presente o Tenente Coronel Frederico.
“A farda nos coloca numa posição de super-heróis…não podemos falar, não podemos chorar…”, foi com essa confissão, que a chefe do comando logístico da PM, Coronel Maria Helena, abriu a discussão em torno da proposta.
Grupo Multidisciplinar
A ideia é que a equipe seja composta pelo presidente e advogado da Aspramece (P.Queiroz); advogada da Aspramece (Dra. Olívia); um psicólogo (Helano Bezerra), e ainda, um profissional de Serviço Social (ainda a definir). A Coronel Maria Helena estará construindo junto ao grupo esse projeto. O objetivo é que esse grupo multidisciplinar ofereça apoio psicossocial; orientação da conduta ética militar de modo a prevenir transgressões disciplinares; bem como apoio para uma melhor convivência familiar.
“A tropa está doente”
A conversa com a Coronel Maria Helena, mais uma vez, confirmou como é importante o acompanhamento psicológico na atividade do policial militar, mas que infelizmente existe uma grande carência de profissionais voltados para ajudar os agentes de segurança pública do Estado do Ceará. “A demanda de PMs com transtornos mentais e dependências é muito maior que a ajuda que eles estão obtendo, no momento”, revelou a Coronel PM, ressaltando ainda o excelente trabalho que a Tenente Coronel Sandra Helena vem realizando em termos de apoio e acompanhamento psicológico aos militares estaduais. A Coronel Maria Helena ressaltou que os principais problemas que os PMs enfrentam no momento, além de distúrbios mentais, como a depressão, são problemas de peso, que resultam na inaptidão física, e dependência em álcool e drogas.
Saúde mental dos militares preocupa presidente da Aspramece
Não é de hoje! No decorrer dos anos, a saúde mental dos militares vem sendo pauta de inúmeros pedidos e alertas de P.Queiroz em diversas reuniões com representantes do Governo e requerimentos enviados ao Governador Camilo Santana. Por exemplo, no dia 20 de março desse ano, o presidente da Aspramece encaminhou um requerimento para o Governador do Estado do Ceará, Camilo Santana, no qual pedia uma reunião em caráter de urgência em virtude da atual preocupante situação psicológica dos militares estaduais.
Confira o vídeo
Em treze laudas, P.Queiroz relata o histórico do descaso do Governo com a saúde mental dos militares estaduais no Ceará, trazendo à tona todas as tentativas frustadas, até o momento, do Estado na instalação de um aparelho capaz de oferecer um atendimento psicossocial de qualidade aos nossos profissionais de Segurança Pública.
Segundo P.Queiroz, a falta de comprometimento do Estado em oferecer aos militares um aparelho eficiente ao qual podem recorrer quando estiverem doentes deixam as associações militares “num beco sem saída”, pois em suma, são as entidades que“vêm assumindo esse papel de tratar a saúde mental dos militares estaduais”, quando na verdade, quem deveria estar assumindo essa função, ou pelo menos ajudando as entidades, deveria ser o Estado.
Os números não mentem
Só em 2019, seis policiais militares cometeram suicídio.
– 23 de janeiro: capitão PM Brito
– 03 de fevereiro: soldado PM F. Silva, tirou sua vida em sua residência, na cidade de Camocim.
– 13 de fevereiro: cabo PM Nogueira, praticou suicídio no interior de seu veículo, por arma de fogo, saindo de um hospital, após ter sido frustrada uma primeira tentativa por meio de medicamentos.
– 4 de março: sargento PM Alisson, após surto psicótico, matou a esposa, atirou num amigo e, em seguida, cometeu suicídio, no Paracuru.
– 16 de março: soldado PM Almeida cometeu suicídio por enforcamento. Ele segundo pesquisa no boletim do comando geral da PMCE, vinha de licença médica com suspensão de porte de arma.
– 31 de maio: PM 2º Tenente Luis Beline de Lima, em Sobral.